Saúde & Bem Estar

Outubro Rosa 2025: Rio lidera debate sobre câncer hereditário

SBM-RJ alerta para os 7 mil casos anuais de origem genética no Brasil e destaca importância do aconselhamento genético, rastreamento precoce e novas terapias

O Outubro Rosa de 2025 traz uma pauta especial: o câncer de mama hereditário, responsável por cerca de 10% dos diagnósticos da doença. Entre 2023 e 2025, o INCA estima 74 mil novos casos anuais de câncer de mama no Brasil, sendo mais de 7 mil ligados a mutações genéticas. O impacto vai além da paciente, já que parentes de primeiro grau podem ter até 50% de chance de herdar a mutação.

No ano passado, o Rio de Janeiro se tornou pioneiro ao instituir, por lei, o Dia de Conscientização do Câncer de Mama Hereditário, celebrado em 21 de outubro. A proposta, de autoria da vereadora Tânia Bastos e coautoria do vereador Dr. Marcos Paulo, contou com a contribuição da mastologista Dra. Maria Júlia Calas, presidente da SBM Rio, e do geneticista Dr. Yuri Moraes. Com a sanção, a capital fluminense se tornou a primeira cidade do mundo a dedicar uma data oficial ao tema — escolhida em referência direta aos genes BRCA1 e BRCA2, centrais no debate da predisposição hereditária.

Outro marco recente foi o reconhecimento oficial da Oncogenética pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). A área, antes vista como promissora, passa agora a integrar a prática médica brasileira, abrindo novas frentes para prevenção, diagnóstico e terapias personalizadas.

Para a Dra. Maria Júlia Calas, a mudança é histórica:

“O câncer de mama hereditário corresponde a 10% dos casos, mas seu alcance é muito maior, pois afeta gerações. Identificar uma mulher em risco é salvar não apenas a paciente, mas também toda a sua família.”

O Dr. Yuri Moraes reforça a relevância do rastreamento precoce:

“Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 respondem por cerca de metade dos casos hereditários. Quando identificadas, medidas preventivas podem mudar totalmente o prognóstico. Uma mastectomia redutora de risco, por exemplo, reduz em até 90% as chances de desenvolver a doença. Além disso, já dispomos de medicamentos inovadores, como os inibidores de PARP, que oferecem novas possibilidades de tratamento.”

O especialista lembra ainda que homens também devem estar atentos. Embora o risco populacional masculino seja de 0,1%, mutações no gene BRCA2 podem elevar a probabilidade para até 8%.

“O câncer hereditário não é apenas uma questão feminina. Homens também precisam conhecer seu histórico familiar e buscar avaliação médica”, alerta.

A mastologista Dra. Viviane Esteves, 2ª secretária da SBM-RJ, reforça a dimensão familiar do problema:

“Cada paciente diagnosticada pode ter várias parentes em risco. O aconselhamento genético protege irmãs, filhos, sobrinhos. É uma questão que ultrapassa o indivíduo.”

Entre os avanços recentes, a Dra. Maria Júlia destaca os testes multigênicos e a integração de exames como a ressonância magnética ao acompanhamento personalizado, o que aumenta as chances de detecção precoce e de cura.

Sinais de alerta que indicam necessidade de investigação genética:

câncer de mama antes dos 40 anos;

tumores bilaterais;

histórico familiar com múltiplos casos;

ocorrência de câncer de mama em homens.

Neste Outubro Rosa, a SBM-RJ reforça que conhecimento e prevenção salvam vidas. Identificar precocemente o risco hereditário é romper o ciclo da doença entre gerações. Além da difusão de informação, a entidade promove ações de incentivo à atividade física, como parte essencial da prevenção.

VI Corrida e Caminhada da SBM-RJ – Outubro Rosa

No dia 19 de outubro de 2025, a Sociedade Brasileira de Mastologia – RJ promove a VI Corrida e Caminhada de Prevenção ao Câncer de Mama, na Lagoa Rodrigo de Freitas (Parque da Catacumba), no Rio de Janeiro. Com percursos de 7,5 km de corrida e 4 km de corrida/caminhada, o evento integra a programação do Outubro Rosa, unindo esporte, saúde e conscientização.
As inscrições já estão abertas no site da SBM Rio.

Fonte: Adriana Estephany

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